Uma das nações colonizadores de Guaíra, foi o Paraguai. Também Guaíra já fora território paraguaio em algum momento de sua história. Com isso, a cidade carrega muita herança cultural do povo paraguaio e tem em seu calendário, há 84 anos, uma das mais tradicionais e antigas festa do Município, a celebração de Nossa Senhora de Caacupê.
A festa de Nossa Senhora de Caacupê, tradicionalmente realizada nos dias 7 e 8 de dezembro e começou seguinte forma:
A imagem, que de tão pequenina cabe na palma da mão, foi encontrada em um cenário da Guerra do Chaco, entre Bolívia e Paraguai, durante os anos de 1932 a 1935. Quando o armistício entre Bolívia e Paraguai foi assinado, em 1935, um militar buscou recordações no desolador cenário de luta. Este soldado pegou uma imagem esculpida em madeira e prata que acompanhava um combatente abatido. A imagem foi dada de presente para Quitéria Aguilera, mãe de dona Lucila, que então residia no Paraguai. Dona Quitéria entendeu que aquilo era um sinal e sob as bênçãos de um padre resolveu fazer um almoço e uma festa para dar às crianças carentes nos dias 8 de dezembro, como forma de homenagear a Santa. Dona Quitéria levou essa promessa consigo quando imigrou ao Brasil, para o Mato Grosso do Sul, na fazenda Campanário, sede da Companhia Mate Larangeira. E depois a trouxe quando ela se mudou para Guaíra, em 1.940. Quando Quitéria faleceu, nos anos 1970, Dona Lucila deu sequência à tradição e ampliou o formato da festa e fez dela um atrativo cultural para toda a fronteira. Atualmente o filho de dona Lucila, Eduardo Rubens Arguello, dá continuidade à tradição.
A santinha, aliás, tem uma mística poderosa: ficou desaparecida por 12 anos e misteriosamente voltou ao seu lugar num dia 7 de dezembro. Muitos garantem que também já operou diversos milagres.
A festa da Dona Lucila, conforme conhecida por muita gente na cidade, preserva desde sempre o caráter de promessa, de bondade e caridade. “Minha mãe fazia questão de atender aos mais necessitados. Aprendi com ela”, diz Rubens.
Dona Lucila, cidadã honorária que dá nome também a um posto de saúde, notabilizou-se pela habilidade interpessoal e dotes culinários. Logo depois que chegou a Guaíra, em 1.940, assumiu a cozinha do primeiro hotel guairense (antiga Câmara e sede da Guarda Municipal). Depois, atuou como confeiteira e lidou com o comércio de comidas típicas paraguaias num espaço criado dentro de sua própria casa. Lá, chipas, pães caseiros e sopas paraguaias eram acompanhadas pelo famoso cocido, chá feito à base de erva-mate, açúcar e brasa de lenha. Aos domingos, macarrão de massa caseira e nhoque com massa de mandioca eram comercializados religiosamente. Atualmente, eu filho Eduardo Rubens e sua nora Daiane, também comercializam pasteis e sopa paraguaia semanalmente.
Neste ano, dia 7 de dezembro, as comemorações em alusão a Nossa Senhora de Caacupê iniciam com uma procissão que saída da Igreja Nuestro Senor del Perdón (Igrejinha de Pedra) às 19h00. A procissão será finalizada ao chegarem na Capela Nossa Senhora de Caacupê onde será realizado a reza do tradicional terço e logo após uma festa cultural com comercialização de chipa, sopa paraguaia, pastel e bebidas. Já no dia 8 de dezembro, haverá missa às 7h30 e após, um café da manhã paraguaio gratuito. Às 12h o tradicional almoço, também gratuito, com churrasco e macarronada será servido para a comunidade na casa do seu Rubens Eduardo Arguello, na rua Monjoli, 94, no bairro Vila Velha.
Este evento tem o apoio do Município de Guaíra por intermédio da Diretoria de Cultura da Secretaria Municipal de turismo, Esporte e Cultura e parceria com a comunidade dos moradores do bairro Vila Velha e Comunidade Católica de Guaíra.